quinta-feira, 7 de maio de 2009

Resenha do Museu Inimá de Paula: exposição Arte Cibernética

- O Itaú Cultural, em parceria com Museu Inimá de Paula, é o responsável pela exposição de arte cibernética com a apresentação de 8 de quatorze obras de seu acervo de arte e tecnologia. Artistas renomados, como Edmond Couchot, Daniela Kutschat, Regina Silveira e Rejane Cantoni participam da mostra. -

A exposição é, em primeiro lugar, um aula de interatividade. Muito além de sons e luzes, as obras realmente atraem a atenção do espectador. A influência persuasiva de cada uma delas é indiscutível; como assitir a pessoas desintegrando dentes-de-leão em sua frente, com um simples soprar em microfones, sem, depois, tentar o mesmo? Sem dúvida, elas são muito chamativas, interessantes e, por vezes, intrigantes.
Algumas delas, certamente, atraíram mais a minha atenção. Text Rain, de Camile Utterback e Romy Achituv; Les Pissenlits, de Edmond Couchot e Michel Bret e OP_ERA: Sonic Dimension, de Daniela Kutschat e Rejane Cantoni; foram as de maior destaque para mim. A primeira foi a que senti um maior conceito de interatividade empregado. Você consegue ficar 10 minutos facilmente de frente para a projeção, apenas brincando com seus movimentos. Confesso que não li direito o poema-chuva embora haja uma grande relação entre a linguagem corporal e ele próprio. Se certas pessoas, só de passarem em frente à vitrines de lojas que possuem essas camêras ligadas a uma determinada tela, já sorriem e, por vezes, dão um tchauzinho para si próprias, imagine uma tela em que você se vê projetada, inusitadamente, com uma chuva de palavras caindo na sua cabeça "controladas" pelo contorno do seu corpo? A segunda é inexplicavelmente encantadora. Eu já tinha gostado antes de experimentar só pela beleza do balançar das flores. Testei todas as intensidades possíveis de sopro e não é que consegui até acabar com um dente-de-leão?! A terceira, por fim, também é bem interativa. Com o passar das mãos em uma tela meio que em um formato de ''U'', sensores eram acionados e sons delicados de uma harpa aconteciam. A frequencia desses sons variava de acordo com o experimentar do usuário. A obra é de grande liberdade.

Por um outro lado, não gostei muito de outras três: Reflexão #3, de Raquel Kogan; Descendo a Escada, de Regina Silveira e "Memória" Cristaleira, de Eder Santos. Na primeira, corri meus dedos pelos botões durante 1 minuto, no máximo; não entendi o que há de grande em apertar botões e ver números descendo e subindo com velocidades e posições diferentes. Só vi beleza com o espelho d'água para ser sincera. A segunda é até interessante, mas, não sei se propositalmente, o som dos passos descendo as escadas era descompassado em relação aos passos verdadeiros. Simulei um andar bem rápido e o que ouvi foram sons de um andar regular e calmo. Quanto à de Eder Santos, pode ser que eu seja super leiga e não entenda a magia sensacional por trás do pano, mas achei ela entediante.

Um ponto que merece destaque é a simplicidade de informações. A pequena tela digital ao lado de cada obra foi suficiente para nortear o meu agir (a posição dos bonequinhos de animação representados era uma ótima dica), o nome, autor e ano de criação da obra também eram fornecidos e, além disso, o mecanismo utlizado era revelado, sem, contudo, desfazer o encanto e o segredo de elaboração do projeto. Nós temos acesso ao que realmente importa, já aprendemos que o bombardeio de dados nem sempre é a melhor opção.

Destaco também o "dinamismo" do lugar. Em aproximadamente 30 minutos, pude desfrutar de todas as obras muito bem. Isso, para mim, é positivo, já que é um programa que pode ser feito sem exigir grandes flexibilidades de horários do visitante.

Por outro lado, não senti a necessidade de separação das obras em dois andares. Por mais que eu tenha procurado achar a coerência nisso, imaginei que um andar dedicado, apenas, às telas de Inimá de Paula significaria um melhor aproveitamento do espaço. E, por mais que o ambiente escuro do primeiro andar fosse propício, na obra Descendo a Escada, me senti um pouco insegura, com passos vacilantes, ao "descer" o pequeno relevo dela já no fim da interação. Em mais de um local "pisei em falso" devido à escuridão da ambiência. Acredito que tenha sido também em Les Pissenlits.

Como último comentário, acredito ser muito válida uma indicação clara do espelho d'água no chão em Reflexão #3. Presenciei uma pessoa molhando-se por ter pensado que aquilo fosse um piso espelhado. A explicação do guia não ocorreu no momento certo.

O Museu é extremamente recomendável. A interatividade e o atrelamento arte/tecnologia proporcionados são muito interessantes e, além disso, fazendo um parêntese, as telas de Inimá de Paula são muito apreciáveis para quem gosta de cores fortes e textura. Esse contraste entre a arte pintada e a arte cibernética também é um bom motivo de visitação.

Um comentário:

  1. bem alguem sabe o nome da obra que inimá de Paulo fez e um gato azulado, eu so quero sabe o nome da obra se alguem saber me passa por msn leandrocabecao@hotmail.com

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