sábado, 28 de março de 2009

Christian Moeller

Analisando os trabalhos do arquiteto Christian Moeller, o que mais chamou minha atenção foi o Electro Clips, que, pela descrição do site oficial de Moeller, http://christian-moeller.com/, consiste em uma ''instalação que permite que dançarino interaja diretamente com luz e som, de acordo com os símbolos acústicos e visuais do balé e seus movimentos coreográficos expressivos'' - tradução livre. Sensores no chão captam os movimentos do dançarino, traduzindo em sons que podem até mesmo produzir uma espécie de música eletrônica. No entanto, isso depende da habilidade de quem dança.




Gostei muito dessa proposta porque engloba iluminação, som e movimento, explorando, dessa forma, os sentidos visão, audição e (por que não) tato. Além disso, dentre todas as outras que vi, foi a que mais, a meu ver, conseguiu atingir um propósito, no caso, o de produção de um som diferente. Isso estimula o próprio dançarino que tem, em suas mãos, a capacidade de produzir algo interessante já que é ele quem obtém o controle da situação. O ambiente como um todo também é importante nesse contexto, já que o dançarino tem toda liberdade de percorrer a extensão da "câmera iluminada" em que ele entra para criar diferentes tipos de som.

terça-feira, 24 de março de 2009

Performance no Photoshop



Na nossa performance, percorremos a cobertura da passarela que nos conduz até à sala de plástica. Durante o primeiro ensaio, já nos deparamos com um "obstáculo'': uma árvore com seus galhos. Nossa proposta inicial havia sido a de sair de uma extremidade até a outra, no entanto, isso não seria mais possível. Adaptamos a performance de acordo com esse elemento. Elaboramos uma interpretação do espaço apropriado que incorporou a árvore à criação. O que antes era limite, virou liberdade. Hertzberger compara a urdidura de um tecido à estrutura básica de um determinado espaço, e a trama às diversas funções aplicáveis. Analogamente, podemos considerar a locação da performance - cobertura e árvore - como a urdidura e o uso efetivo como a trama.

Hertberger em relação à estrutura: ''uma forma ampla que, mudando pouco ou nada, é adequada para acomodar situações diferentes porque oferece continuamente novas oportunidades para novos usos.'' O lugar apropriado em nada foi alterado. Contudo, seu uso foi invertido: de cobertura para piso.

quinta-feira, 19 de março de 2009

Google maps/mapa desenhado

Bom, tentei, através dessa fusão dos mapas, usar as ferramentas exploradas na aula de informática, como o uso de filtro, blur, opacidade, mudança de textura, além de tentar dar uma melhorada, aqui e ali, com borracha e recortes, no meu mapa, já que não fui muito feliz nele. A falta de domínio em relação ao caminho da minha casa até a Escola de Arquitetura é visível, não tentem fazer esse percurso desenhado.

domingo, 8 de março de 2009

Minidicionário das estratégias do caminhar

Conforme proposto na primeira aula de Plástica e expressão gráfica, aqui estão os verbetes:

Flanêur: Esse termo trabalhado, entre outros, por Charles Baudelaire e Walter Benjamin, surgiu no final do século XIX. Do francês, aquele que perambula, que caminha. No entanto, muito mais do que apenas andar por um determinado espaço físico, o flanêur tem capacidade de percepção aguçada para aquilo que, diversas vezes, passa despercebido pelas pessoas. Através de um olhar, antes de tudo, curioso, mas também diferenciado, ele acompanha a evolução do cenário diário ao andar sem rumo por aí, seja essa evolução arquitetônica, relacionada aos próprios transeuntes, pessoal, política, econômica, cultural. É a observação o principal instrumento que lhe permite elaborar críticas, idéias e teses sobre o que é percebido em um simples “passeio”. Apesar de anônimo, o material que ele coleta lhe permite expandir sua visão sobre o externo, sobre o outro, fazendo com que ele entenda muito mais sobre a sociedade em si. Enquanto, na cidade, outros tantos caminham ou, literalmente, até correm na tentativa de suprimir seus anseios, necessidades e obrigações, o flanêur é capaz de sentir e apreciar o que está ao seu redor sem preocupações, sem horários estabelecidos, sem regras.

Para ilustrar a figura do flanêur, o livro A alma encantadora das ruas, de João do Rio, é um ótimo exemplo.


Muro pichado em Rio Branco, AC - Um flanêur não veria, apenas, palavras e desenhos aqui

Deriva: A (teoria da) deriva foi proposta por Guy Debord, um situacionista* que procurou trazer uma nova forma de descoberta da cidade. A prática da deriva consiste pura e simplesmente na entrega total do seu corpo ao inconsciente, deixando que o mesmo seja o condutor pelo espaço físico. A motivação que garante o trajeto de quem pratica a deriva são, apenas, sensações que vão surgindo ao longo dos ambientes percorridos. Dessa forma, procura-se combater a alienação e a rotina previamente estabelecida, procurando despertar um outro olhar sobre o que nos cerca. Para registrar as experiênciais sensoriais vividas naquele determinado momento, é válido traçar um "mapa das sensações" com anotações, enquanto a pessoa é levada por sua própria manifestação inconsciente.

*Em termos bem breves, o situacionismo foi um movimento vanguardista de cunho artístico e político do século XX, tendo como base a contraposição ao consumismo.

Parkour/Le Parkour: Tal prática/esporte/arte contemporânea consiste em rápidos deslocamentos em meio ao cenário urbano como escaladas de prédios, saltos e até mesmo cambalhotas no ar, sendo que todos os movimentos recebem algum tipo de nome.

Sebastien Foucan executando um movimento chamado Saut de Bras

Para aqueles que praticam o parkour - ‘traceur’ para homens e ‘traceuses’ para mulheres - fundado por David Belle, o obstáculo não existe, ou melhor, pode ser sempre "driblado". Certas vezes, obstáculo pode até ser confundido com o próprio praticante, já que, devido à velocidade dos movimentos, é possível ver a fusão dos dois. O treinamento físico e mental (muita, muita concentração) é extremamente necessário para que ninguém saia machucado.

Nada melhor do que um vídeo, ainda que um pouco cortado, para traduzir palavras:
Cena do filme 007 - Casino Royale

É impossível imaginar vários praticantes realizando suas "manobras" no meio urbano como algo cotidiano. Embora a idéia que gira em torno da faceta seja a de você ser capaz de alcançar qualquer ponto desejado, independente do que encontrar pela frente, imaginar pessoas em massa praticando-a livremente é realmente díficil. Além disso, ao contrário de um flanêur ou de um praticante da deriva, a capacidade de traçar alguma crítica ou observação pessoal em relação ao que o circunda é falha.

Apenas como observação, é interessante ressaltar a influência francesa sobre cada um dos verbetes abordados.

Referências: